Pesquisa e Inovação

O papel do exercício físico no combate ao avanço das doenças neurodegenerativas

As doenças neurodegenerativas representam um importante desafio para saúde principalmente dos idosos, pois são caracterizadas pela perda progressiva da estrutura e função neuronal. As mais comuns são a doença de Alzheimer, que é marcada por comprometimento da memória e declínio cognitivo e a doença de Parkinson, que afeta as funções motoras devido à redução dos níveis de dopamina no cérebro, levando a tremores, rigidez e movimentos lentos (Alanazi 2024).

 

A prática regular de exercícios físicos promove a neurogênese, processo onde ocorre o aumento na geração de novos neurônios, particularmente no hipocampo, área do cérebro essencial para o aprendizado e a memória, além de mitigar os efeitos adversos do declínio cognitivo associado ao envelhecimento (Liu and Nusslock 2018). Ademais, o exercício físico reduz os níveis de citocinas pró-inflamatórias e aumenta as substâncias anti-inflamatórias, podendo atenuar as vias inflamatórias implicadas na neuro-degeneração (Seo, Heo et al. 2019).

 

Há uma correlação entre exercício físico e um risco reduzido de doença de Alzheimer e demência, com ensaios clínicos demostrando melhorias na função cognitiva, memória e aumento do volume cerebral. Os exercícios cardiorrespiratórios, como caminhada e o ciclismo têm sido associados ao aumento do volume cerebral e no aprimoramento da função executiva, indicando uma desaceleração do envelhecimento cerebral (Wang, Liu et al. 2021).

 

Em relação à doença de Parkinson, o Tai Chi, com  movimentos lentos e controlados, melhora o equilíbrio, aumenta a estabilidade e reduz o risco de quedas (Yu, Wu et al. 2021). Ainda, o treinamento resistido tem sido associado ao aumento da força muscular, na função motora e na capacidade de realizar atividades diárias (Sujkowski, Hong et al. 2022). Além disso, a condição crônica e progressiva da doença pode gerar quedas frequentes, pois o controle motor que regula a locomoção e o equilíbrio são afetados, ocasionando distúrbios de movimento, como o congelamento de marcha, lentidão, dificuldades em virar ao caminhar e instabilidade postural (Montero-Odasso, van der Velde et al. 2022).

 

Dessa forma, o exercício físico praticado regularmente, como os treinamentos: cardiorrespiratório, resistência muscular/força, flexibilidade, equilíbrio e coordenação são capazes de proporcionar efeitos benéficos aos indivíduos com doenças crônicas neurodegenerativas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Alanazi, M. A. (2024). “The Role of Physical Activity in Adjunctive Nursing Management of Neuro-Degenerative Diseases among Older Adults: A Systematic Review of Interventional Studies.” Life (Basel) 14(5).

Liu, P. Z. and R. Nusslock (2018). “Exercise-Mediated Neurogenesis in the Hippocampus via BDNF.” Front Neurosci 12: 52.

Montero-Odasso, M., N. van der Velde, F. C. Martin, M. Petrovic, M. P. Tan, J. Ryg, S. Aguilar-Navarro, N. B. Alexander, C. Becker, H. Blain, R. Bourke, I. D. Cameron, R. Camicioli, L. Clemson, J. Close, K. Delbaere, L. Duan, G. Duque, S. M. Dyer, E. Freiberger, D. A. Ganz, F. Gomez, J. M. Hausdorff, D. B. Hogan, S. M. W. Hunter, J. R. Jauregui, N. Kamkar, R. A. Kenny, S. E. Lamb, N. K. Latham, L. A. Lipsitz, T. Liu-Ambrose, P. Logan, S. R. Lord, L. Mallet, D. Marsh, K. Milisen, R. Moctezuma-Gallegos, M. E. Morris, A. Nieuwboer, M. R. Perracini, F. Pieruccini-Faria, A. Pighills, C. Said, E. Sejdic, C. Sherrington, D. A. Skelton, S. Dsouza, M. Speechley, S. Stark, C. Todd, B. R. Troen, T. van der Cammen, J. Verghese, E. Vlaeyen, J. A. Watt, T. Masud and A. Task Force on Global Guidelines for Falls in Older (2022). “World guidelines for falls prevention and management for older adults: a global initiative.” Age Ageing 51(9).

Seo, D. Y., J. W. Heo, J. R. Ko and H. B. Kwak (2019). “Exercise and Neuroinflammation in Health and Disease.” Int Neurourol J 23(Suppl 2): S82-92.

Sujkowski, A., L. Hong, R. J. Wessells and S. V. Todi (2022). “The protective role of exercise against age-related neurodegeneration.” Ageing Res Rev 74: 101543.

Wang, S., H. Y. Liu, Y. C. Cheng and C. H. Su (2021). “Exercise Dosage in Reducing the Risk of Dementia Development: Mode, Duration, and Intensity-A Narrative Review.” Int J Environ Res Public Health 18(24).

Yu, X., X. Wu, G. Hou, P. Han, L. Jiang and Q. Guo (2021). “The Impact of Tai Chi on Motor Function, Balance, and Quality of Life in Parkinson’s Disease: A Systematic Review and Meta-Analysis.” Evid Based Complement Alternat Med 2021: 6637612.

 

Câmara Técnica de Saúde do CREF1