or crônica é uma realidade enfrentada por uma parcela significativa da população brasileira com mais de 50 anos, afetando aproximadamente 37% desses indivíduos, sendo mais prevalente entre as mulheres (OLIVEIRA e colab., 2023). Este problema de saúde pública não apenas causa sofrimento físico e emocional, mas também impõe desafios consideráveis ao sistema de saúde do país.
Entre aqueles que lidam com a dor crônica, muitos recorrem aos opioides como uma forma de controlar seus sintomas. Esta prática não está isenta de riscos, uma vez que o uso excessivo ou inadequado desses medicamentos pode levar a dependência e outros efeitos adversos à saúde. Reconhecendo a gravidade dessa questão, o Ministério da Saúde tomou medidas significativas para enfrentar o problema, alocando recursos substanciais – no valor de R$ 870 milhões – para o aprimoramento de equipes multidisciplinares na atenção primária. O objetivo é claro: melhorar a capacidade do sistema de saúde em oferecer tratamentos eficazes e abordagens integradas para aqueles que sofrem de dor crônica (ANDRADE e CHEN, 2022; SAES e colab., 2023).
No entanto, a eficácia dessas intervenções é frequentemente prejudicada por fatores socioeconômicos. Estudos demonstram que existem disparidades significativas no acesso a tratamentos como fisioterapia e acompanhamento regular, com base nos níveis de renda e educação (HENRIQUES e colab., 2022). Essas disparidades refletem desafios mais amplos relacionados à equidade no sistema de saúde brasileiro e destacam a necessidade de abordagens mais equitativas e inclusivas no tratamento da dor crônica.
Além disso, a carga da dor crônica no sistema de saúde é substancial, com custos significativos sendo incorridos para o tratamento da dor no setor privado. Esses custos não apenas impactam os indivíduos afetados, mas também sobrecarregam os recursos limitados disponíveis para a saúde pública. Portanto, é imperativo adotar estratégias que não apenas aliviem a dor crônica, mas também otimizem a eficiência e a sustentabilidade do sistema de saúde como um todo.
Diante desses desafios complexos e multifacetados, é evidente que abordagens simplistas não são suficientes. Em vez disso, é necessária uma resposta abrangente e integrada, que reconheça a interconexão entre fatores biológicos, psicossociais e ambientais na experiência da dor crônica. Isso requer a colaboração entre profissionais de saúde de diversas especialidades, bem como a integração de serviços de saúde mental, reabilitação e assistência social. Nesse contexto, a atividade física orientada por um profissional de educação física emerge como uma estratégia eficaz e acessível.
A inclusão da atividade física como parte integrante do tratamento da dor crônica é respaldada por evidências científicas que demonstram seus benefícios na redução da intensidade da dor e na melhoria da qualidade de vida dos pacientes. O profissional de educação física desempenha um papel fundamental nesse processo, desenvolvendo programas de exercícios personalizados, adaptados às necessidades e limitações de cada indivíduo, e fornecendo orientações adequadas para garantir a segurança e eficácia das atividades físicas (MARQUES e colab., 2022).
Em suma, a dor crônica é um problema de saúde pública significativo que exige uma resposta igualmente significativa. Ao adotar abordagens multidisciplinares e equitativas, que incluam a atividade física orientada por profissionais de educação física, podemos não apenas aliviar o sofrimento daqueles que vivem com dor crônica, mas também promover uma saúde mais justa e resiliente para todos os brasileiros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, Flavia e CHEN, Xiayu. CHRONIC BACK PAIN, LIMITATIONS ON USUAL ACTIVITIES, AND TREATMENT AMONG OLDER BRAZILIANS. Innovation in Aging, v. 6, n. Supplement_1, p. 667–668, 1 Nov 2022. Disponível em: <https://doi.org/10.1093/geroni/igac059.2459>.
HENRIQUES, Alexandre e colab. Chronic pain patients in the Brazilian private healthcare system: a claim database study with the experts’ perspective. Jornal Brasileiro de Economia da Saúde, v. 14, n. 2, p. 121–127, Ago 2022. Disponível em: <https://jbes.com.br/wp-content/uploads/2022/12/JBES_142-p121-127.pdf>.
MARQUES, Raphael Lucas da Silva e colab. What is the relationship between physical activity and chronic pain in older adults? A systematic review and meta-analysis protocol. BMJ Open, v. 12, n. 11, p. e062566, 22 Nov 2022. Disponível em: <https://bmjopen.bmj.com/lookup/doi/10.1136/bmjopen-2022-062566>.
OLIVEIRA, Ana Maria Braga De e colab. Socioeconomic and sex inequalities in chronic pain: A population-based cross-sectional study. PLOS ONE, v. 18, n. 5, p. e0285975, 25 Maio 2023. Disponível em: <https://dx.plos.org/10.1371/journal.pone.0285975>.
SAES, Mirelle de Oliveira e colab. Inequalities in the management of back pain care in Brazil – National Health Survey, 2019. Ciência & Saúde Coletiva, v. 28, n. 2, p. 437–446, Fev 2023. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232023000200437&tlng=en>.
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