Pesquisa e Inovação

É recomendável a prática de exercícios físicos durante o tratamento do câncer?

Os potenciais benefícios da atividade física e do exercício na prevenção de alguns tipos de câncer (mama, cólon e próstata) já estão bem estabelecidos na literatura. Entretanto, os efeitos do treinamento físico como terapia adjuvante aos tratamentos primários, como a quimioterapia e imunoterapia, ainda precisam ser melhor estudados, no intuito de uma abordagem adequada para garantir a segurança e adesão do indivíduo com câncer.

 

A prática regular de exercícios físicos está associada à redução dos níveis de adiposidade, bem como dos marcadores de estresse oxidativo e processos inflamatórios, aumentando a capacidade antioxidante (Brown, Caan et al. 2019). Um possível mecanismo biológico subjacente ao efeito protetor do exercício na progressão do câncer sugere um efeito anti-inflamatório na redução nos níveis circulantes da proteína nuclear HMGB1 (grupo de alta mobilidade Box-1), que se liga a uma proteína específica que funciona como uma molécula de sinalização extracelular durante inflamação e metástase  (Van Blarigan, Fuchs et al. 2018).

 

O Colégio Americano de Medicina Esportiva publicou uma das primeiras revisões do painel de especialistas sobre os dados empíricos relativos ao uso de exercícios para melhorar a aptidão física, força e fadiga, especificamente em pacientes com câncer de mama. Além disso, os ensaios clínicos indicaram que o exercício foi capaz de amenizar os efeitos colaterais do tratamento quimioterápico. Após evidências de alta qualidade, houve a motivação para a publicação de novas diretrizes (Schmitz, Courneya et al. 2010).

 

As recomendações atualizadas afirmam que uma dose mínima de 30 minutos de exercício aeróbio de intensidade moderada, por pelo menos 3 dias na semana, combinada com o treinamento de resistência muscular por 2 dias na semana, são suficientes para a redução da fadiga relacionada ao câncer, ansiedade e sintomas depressivos, e o aumento da aptidão física.  Além disso, as prescrições de exercícios devem ser baseadas na frequência, intensidade, duração e tipo do treinamento, considerando a individualidade biológica (Campbell, Winters-Stone et al. 2019).

 

Portanto, é recomendado que indivíduos com câncer pratiquem exercícios físicos em todas as fases da doença, devido aos múltiplos benefícios à saúde e melhora na qualidade de vida, todavia, algumas precauções devem ser tomadas antes de iniciar um programa de treinamento físico, como consulta médica pré-participação, avaliações periódicas e histórico individual.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

 

Brown, J. C., B. J. Caan, C. M. Prado, E. Weltzien, J. Xiao, E. M. Cespedes Feliciano, C. H. Kroenke and J. A. Meyerhardt (2019). “Body Composition and Cardiovascular Events in Patients With Colorectal Cancer: A Population-Based Retrospective Cohort Study.” JAMA Oncol 5(7): 967-972.

 

Campbell, K. L., K. M. Winters-Stone, J. Wiskemann, A. M. May, A. L. Schwartz, K. S. Courneya, D. S. Zucker, C. E. Matthews, J. A. Ligibel, L. H. Gerber, G. S. Morris, A. V. Patel, T. F. Hue, F. M. Perna and K. H. Schmitz (2019). “Exercise Guidelines for Cancer Survivors: Consensus Statement from International Multidisciplinary Roundtable.” Med Sci Sports Exerc 51(11): 2375-2390.

 

Schmitz, K. H., K. S. Courneya, C. Matthews, W. Demark-Wahnefried, D. A. Galvao, B. M. Pinto, M. L. Irwin, K. Y. Wolin, R. J. Segal, A. Lucia, C. M. Schneider, V. E. von Gruenigen, A. L. Schwartz and M. American College of Sports (2010). “American College of Sports Medicine roundtable on exercise guidelines for cancer survivors.” Med Sci Sports Exerc 42(7): 1409-1426.

 

Van Blarigan, E. L., C. S. Fuchs, D. Niedzwiecki, S. Zhang, L. B. Saltz, R. J. Mayer, R. B. Mowat, R. Whittom, A. Hantel, A. Benson, D. Atienza, M. Messino, H. Kindler, A. Venook, S. Ogino, E. L. Giovannucci, K. Ng and J. A. Meyerhardt (2018). “Association of Survival With Adherence to the American Cancer Society Nutrition and Physical Activity Guidelines for Cancer Survivors After Colon Cancer Diagnosis: The CALGB 89803/Alliance Trial.” JAMA Oncol 4(6): 783-790.

 

Câmara Técnica de Saúde do CREF1

 

 

 

 

 

 

 

 

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