Recentemente, o Conselho Federal de Medicina do Brasil vetou a prescrição médica de terapias hormonais com esteroides androgênicos anabolizantes (EAA), com finalidade estética para ganho de massa muscular e/ou melhora do desempenho desportivo, tanto para atletas amadores quanto para os profissionais, por inexistência de comprovação científica suficiente que sustente seu benefício e a segurança do paciente.
O debate no mundo sobre o uso indiscriminado de substâncias ilícitas que objetivam a melhora do desempenho físico em ambientes recreativos ou de performance esportiva apontam para a ocorrência de efeitos deletérios, como a diminuição de secreção de testosterona, redução da contagem de espermatozoides e aumento das mamas em homens.
Outra consequência do uso de EAA é o efeito adverso sobre o eixo hipotálamo-hipófise-gônada (HHG) que regula a síntese e liberação de testosterona. Níveis elevados desse hormônio suprimem a secreção das gonadotrofinas, por meio de um feedback negativo, acarretando a redução da produção endógena e da espermatogênese, o que pode provocar atrofia testicular.
Nas mulheres, os distúrbios hormonais podem levar à atrofia das mamas, aumento do clitóris, engrossamento da voz e crescimento de pelos faciais. Em relação aos jovens saudáveis, essas substâncias proporcionam um maior risco de surgimento de doenças do sistema cardiovascular.
Nos últimos anos, houve um crescimento alarmante do uso de anabolizantes entre esses indivíduos com a prática recreacional, cada vez mais constante, de treinamento de força nas academias de musculação.
Além disso, os estudos com usuários de EAA demonstraram algumas alterações, como o aumento da hipertrofia ventricular, da atividade nervosa simpática e da resistência vascular periférica, além de malefícios na função diastólica.
Todos esses fenômenos aumentam o risco de surgimento de hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio, acidentes vasculares e de mortalidade cardiovascular de forma geral.
Outras implicações negativas podem ocorrer no sistema endócrino, como a mudança no perfil lipídico e alterações no metabolismo glicídico (intolerância à glicose/diminuição da sensibilidade à insulina), nos sistemas renal e reprodutor, além de alterações do perfil tireoidiano (T3/T4 e TSH).
Em suma, o uso de EAA, apesar da melhoria da performance física oriunda do aumento da massa e força muscular em curto prazo, promove diversas alterações negativas sobre a saúde cardiovascular e metabólica da população.
Nesse sentido, são necessárias mais discussões no âmbito científico sobre essa temática, primordialmente, entre os Profissionais de Educação Física.
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Referências de base:
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