Pequenas quantidades de exercício podem ter um efeito desproporcional na felicidade. Isso foi o que comprovou um estudo divulgado pelo New York Times sobre um grupo de pesquisadores da Universidade de Michigan, no The Journal of Happiness Studies, após a revisão de estudos sobre bom humor e atividade física. De acordo com os estudiosos, pessoas que malham uma vez por semana ou por apenas 10 minutos por dia tendem a ser mais alegres do que aquelas que nunca se exercitam. E qualquer tipo de exercício pode ser útil.
A ideia de que a mudança pode afetar nosso humor não é nova. Muitos de nós provavelmente diriam que nos sentimos menos irritados ou mais relaxados depois de uma corrida ou visita à academia. Diversos estudos anteriores, como o publicado em abril deste ano no The American Journal of Psychiatry, observaram que pessoas fisicamente ativas têm riscos muito menores de desenvolver depressão e ansiedade do que pessoas que raramente se movimentam.
Nesse review, os pesquisadores da Universidade de Michigan começaram vasculhando bancos de dados de pesquisa para estudos relevantes e encontraram 23 publicações desde 1980. A maioria deles era de observação, o que significa que os cientistas simplesmente olhavam para um grupo de pessoas, perguntando-lhes quanto trabalhavam e como estavam felizes. Alguns dos estudos foram experimentos em que as pessoas começaram a se exercitar e os pesquisadores mediram sua felicidade antes e depois.
O número de participantes em qualquer estudo foi muitas vezes pequeno, mas juntos representavam mais de 500 mil pessoas com idades variadas, de adolescentes a pessoas muito idosas, e cobrindo uma ampla gama de grupos étnicos e socioeconômicos. E para a maioria deles, constataram os pesquisadores de Michigan, o exercício estava fortemente ligado à felicidade. O tipo de exercício não parecia importar. Algumas pessoas felizes caminharam ou correram. Outros praticavam atividades de relaxamento e alongamento.
O Prof. André Fernandes, presidente do Conselho Regional de Educação Física (CREF1), explica que a conclusão do estudo se deve ao envolvimento de duas substâncias químicas: o cortisol e as endorfinas. O cortisol é um hormônio que quando produzido pelo corpo em excesso, como em situação de estresse, raiva, ansiedade e medo, provoca efeitos nocivos como diminuição da produção de testosterona, ação lenta da utilização da insulina, que atrapalha no transporte da glicose para as células musculares, evitando assim a reserva de glicogênio muscular. “Nessas situações, o exercício físico ajuda a diminuir os níveis de cortisol”, disse.
Os praticantes de atividades físicas podem desfrutar ainda dos efeitos positivos das endorfinas, hormônio que controla a reação do corpo à tensão, regulando as algumas funções do sistema nervoso autônomo como as contrações da parede intestinal e determinando o humor. Por ser um “analgésico natural” leva a uma sensação de bem-estar e tranquilidade podendo inibir o estresse.
O exercício físico também induz a liberação de outras substâncias no cérebro, chamadas de neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina, auxiliando na redução do estresse e ansiedade. “O exercício pode ser tão efetivo quanto os antidepressivos no tratamento da depressão. O exercício aeróbico regular por 30 minutos, praticado pelo menos três vezes por semana, pode ajudar pessoas com depressão moderada, que relatam melhora no humor. Mesmo curtos períodos de exercício, como uma breve caminhada, também podem desencadear um efeito positivo imediato”, explicou o presidente do Conselho.
Para a psicóloga Claudia Pimentel, a sensação de felicidade provocada pela prática de exercícios físicos gera otimismo, o qual está fortemente associado também a saúde cardiovascular, além de funcionar para tornar as pessoas menos vulneráveis as doenças de modo geral. “Do ponto de vista orgânico e psicológico, só encontramos benefícios para a saúde na atividade física. O importante é cada pessoa encontrar a atividade que lhe dá prazer e que é adequada a seus limites”.
A especialista afirma que as pessoas que praticam exercício físicos são consideradas mais felizes e satisfeitas com a vida por conta das emoções geradas por essa prática. “Martin Seligman, o pai da Psicologia Positiva, vem destacando ser fundamental vivenciar emoções positivas, o que produz bem-estar interno e ânimo positivo, em doses frequentes e menores, do que em concentradas dosagens advindas de grandes acontecimentos, porém raras”.
De acordo com Pimentel, estudos de longo prazo sugerem ainda, que a prática de atividade física previne o declínio das capacidades mentais e protege contra ansiedade e depressão. “Como felicidade é um bem-estar amplo e interno, e a atividade física comprovadamente é forte aliada, busquemos a saúde integral, que é muito mais que ausência de doença”.
É importante que toda a prática seja orientada por um profissional de Educação Física devidamente registrado no seu CREF, uma vez que ele vai garantir o alcance dos resultados de forma segura.
Com informações do New York Times. Tradução livre.