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Em Resende, profissional promove projeto social para pessoas que lutam contra o câncer

05/02/2020

Uma profissional de Educação Física de Resende está fazendo a diferença na história das mulheres que sofrem do Câncer. Há exato um ano, a profissional Thalita Santos de Souza, 34 anos, lançava o Programa de Reabilitação ao Câncer (PRC) que tem o objetivo de oferecer aulas gratuitas de CrossFit para pessoas que estavam em processo de recuperação da doença.

Os benefícios da atividade física no combate e prevenção das mais variadas doenças já foi comprovado cientificamente em diversos estudos. Um dos últimos a ser divulgado pela Sociedade Americana de Câncer, com mais de 750 mil pessoas, descobriu que duas horas e meia de exercícios físicos moderados durante a semana são suficientes para diminuir o risco de sete tipos de câncer.

Essa quantidade de exercício diminui as chances de desenvolver um tumor no fígado em 18%, porcentagem essa que sobe para 27% se forem gastas 5 horas em atividades físicas por semana. Já no caso de câncer de mama, o risco caiu 6% para as 2h30m de atividade e 10% para 5 horas. A neoplasia que atinge o rim teve baixa de 11% e 17%, respectivamente, para ambos os sexos, assim como uma redução de 19% para mieloma. Mulheres que praticam a quantidade adequada de atividade física têm 18% menos chance de desenvolver câncer de útero e linfoma não Hodgkin.

As aulas são executadas nas bases da metodologia do CrossFit todas as terças e quintas, das 9:30 às 10:30, orientada à especificidade de cada aluno, bem como cargas, padrões de movimentos e intensidade e conta com a participação ativa da nutricionista Luisa Alvim no acompanhamento nutricional. Atualmente, o projeto atende quatro alunas que destacam a confiança como o principal pilar desta recuperação. 

Uma delas é a Cátia Aparecida da Silva Dias, 43 anos, que venceu a batalha contra o câncer de mama. Ela explica que o projeto ajudou as alunas e uniu um grupo que até então era solitário. Além disso, segundo depoimento do próprio esposo, a aluna ganhou mais segurança e confiança para desenvolver o seu trabalho diário no restaurante. “Ela não pegava nada no restaurante deles por medo de derrubar e quebrar, mas hoje trabalha tranquilamente, com segurança e confiança, pois consegue controlar bem o braço e tem muito mais força”, explicou a profissional de Educação Física.

A profissional de Educação Física afirma que a atividade física diminui em cerca de 50% a 60% a recidiva do câncer, podendo ser maior ou menor. Recidiva é a probabilidade da doença acontecer novamente, que pode acontecer pouco ou muito tempo depois do fim do tratamento do primeiro tumor e faz com que a equipe médica tenha um novo olhar sobre à doença e ao tratamento. Além disso, Thalita conta que as mulheres que participaram das aulas tiveram benefícios visíveis no combate ao reflexo do tratamento.

“As aulas trouxeram benefícios estéticos, como emagrecimento, ganho de massa magra, e benefícios em qualidade de vida, como melhoria da resistência cardiopulmonar, resistência muscular, coordenação e agilidade. Mas o maior ganho foi social, porque ali elas se sentem livres e capazes de realizar qualquer coisa. Os treinos devolveram alegria, autoestima e confiança à estas mulheres”, explicou.

A atividade física também é importante no processo de cicatrização da doença. Duas alunas do PRN tiveram linfedema no braço após tirar a mama, um inchaço que quase inutilizou o membro por causa da perda de capacidade de controle motor, como foi o caso de Teresa de Fátima Ribeiro Gomes, 54 anos, que também foi diagnosticada com o câncer de mama.  “Tem muitos limites que tenho que respeitar por causa do braço com linfedema, mesmo assim, com a ajuda da Thalita, a gente consegue fazer um bom trabalho e eu consegui bastante resultados bons, foi muito bom estar aqui”.

Thalita explica que com os treinos, Teresinha passou a entender este novo “membro” e ganhar confiança no controle de cargas com este braço. “Hoje elas têm um controle motor muito melhor do que antes”. O mesmo caso aconteceu com Eliete Lima, 58 anos, que desde que entrou para o projeto para minimizar os efeitos do câncer de pescoço melhorou consideravelmente o seu equilíbrio físico. “Eu só tenho que agradecer porque isso aqui foi um renascer”.

Por mais que seja recente, a ideia do projeto é coisa antiga. “O trabalho voluntário é algo que faz parte da minha vida desde antes da graduação. Acredito que este é um dos meus chamados e uma das minhas missões de vida”. Na faculdade, Thalita fazia parte de um grupo de extensão e pesquisa na área de Educação Física Adaptada, onde eram executadas atividades para Pessoas com Deficiência (PCDs) em um colégio na periferia de Barueri. Em meados de 2016, a profissional começou a ministrar aulas gratuitas de Kung Fu para um projeto chamado Escola Aberta aos Sábados, promovido nas escolas municipais de Osasco.

Mas foi em 2018, já em Resende, que começou o seu contato com as mulheres que enfrentavam o Câncer através da FNCC (Frente Nacional de Combate ao Câncer). “Aqui eu senti que deveria trabalhar com aquele público e, em janeiro de 2019, dei início ao projeto que inicialmente tinha prazo de 3 meses e hoje completa um ano”. A ideia da profissional é ampliar o projeto para mais pessoas e mais regiões. “Gostaria de atender mais pessoas, mas, infelizmente, ainda há preconceito com o CrossFit, sem conhecer a modalidade. Na verdade, existe um preconceito com a atividade física para pessoas que tem ou já tiveram câncer e o CrossFit sofre mais ainda”.

Em comum, todas as alunas destacam a confiança como o principal pilar desta recuperação. Para Marlene Rosa Queiroz, 69 anos, que combateu um Mieloma Múltiplo, um tipo raro de câncer que ataca as células plasmáticas, participar das atividades a deixou mais confiante em sua luta. “A grandeza de receber carinho da Thalita e dos componentes daqui junto com a FNCC e as atividades. O compromisso sério com as atividades daqui me fez uma pessoa mais confiante e com mais esperança. A própria médica disse que eu melhorei e sai de uma osteoporose para uma osteopenia. Isso é graça de Deus, força da ajuda dos amigos e a união das quatro mosqueteiras que temos aqui, isso é muito importante”.

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