Enfrentar desafios é uma das coisas que estimulam o ser humano e aos 74 anos, o profissional Luiz Alfredo Cardoso de Abreu sabe muito bem disso. Com mais de 50 anos de atuação em Educação Física, em seu currículo constam esportes como Judô e Jiu-Jitsu, além de trabalhos como preparador físico em diversos clubes de futebol, como o Bonsucesso, a Seleção Brasileira de Futsal e no Esporte Clube XV de Novembro, em São Paulo.
O profissional também atuou com Educação Física em escola municipal, onde ele constatou que a desigualdade social faz vítimas. “Muitas famílias não tinham condições e algumas crianças acabavam indo para escola descalços ou de chinelo. O meu irmão, que trabalhava numa firma de contabilidade, ligou para um amigo dele que era dono de fábrica de calçados e que decidiu doar sapatos para ajudar as crianças”, relata.
Houve momentos de extremo perigo o qual ele lembra com pesar. “No meu primeiro dia de aula, houve um confronto entre bandidos de facções rivais. Minha reação imediata foi tentar proteger os alunos daquela situação”. Apesar disso, o professor classifica a experiência como positiva e ressalta que ele não se limitava à apenas ao seu trabalho como acadêmico, mas que cumpria um papel social, conforme as necessidades iam aparecendo.
Formado na Universidade Castelo Branco desde 1986, Luiz fez um curso de ginástica para gestantes e natação para bebês no Hotel Glória, Rio de Janeiro, e assim pode ajudar a gravidez de diversas alunas suas. “Todas as gestantes conseguiram ter os seus filhos em boas condições. Algumas delas, anos depois me reencontraram e apresentaram seus filhos, já crescidos”, relembra.
Além da atuação com o esporte, o profissional tem um vínculo muito forte com a cultura e com o trabalho social. Atualmente, prof. Luiz realiza um trabalho social como massoterapeuta em um centro de reabilitação para dependentes químicos e infratores de Queimados, na Baixada Fluminense (RJ), que acolhe mais de 80 homens. Em breve, ele também fará um evento na Casa de Apoio à Criança com Câncer São Vicente de Paulo, em Irajá, onde haverá doação de livros e das telas que ele mesmo pinta.
Sua história com a Educação Física é tão longa quanto a sua trajetória no samba. Como sambista, ele já escreveu enredos para escolas como Tradição e Salgueiro, e fundou blocos carnavalescos como “Unidos do faz quem quer”. “Eu sempre gostei de escrever uns poemas, uns versos. E me inspirei no Bezerra da Silva, mas a parte melódica eu não dominava. Em 1985 eu comecei a escrever canções para blocos carnavalescos e deu certo”, afirma.
Para Luiz, Educação Física é para vida. Hoje em dia, é adepto da musculação como forma de minimizar os efeitos negativos da idade. Ele considera o passar dos anos uma oportunidade de conhecer mais sobre si mesmo e sobre o mundo. “O tempo passa e eu tento ensinar o que é bom, se vão aceitar ou não é outra coisa. É melhor vencer na vida e ser reconhecido sem pisar na cabeça de ninguém”, aconselha.