“Ser caveira é compromisso. Ser caveira é superar desafios”, a fala do ex-capitão do Bope e roteirista do filme Tropa de Elite, Rodrigo Pimentel, resumiu o teor da palestra realizada no dia 15 de novembro, na academia Nissei, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro. Sob o tema “Como Formar uma Tropa de Elite”, a autoridade utilizou histórias vividas no batalhão como uma forma de motivar a equipe da academia em uma palestra divertida e inebriante.
Para a autoridade, a atuação dos policiais do Bope depende da atividade física e por isso ela é levada muito a sério na corporação. Em várias atividades, os policiais são desafiados a buscar o condicionamento físico que o possibilite resistir as rotinas de incursões. “Em um dia de operação, se carrega em média 40 kg em uma caminhada de 6h, levando o policial ao extremo de sua capacidade. Se você não tem condicionamento, um acompanhamento profissional, vai ter lesão e ficar incapacitado para a realização das atividades necessárias”.
Já na prova de admissão ao batalhão, os candidatos são submetidos à atividades desafiadoras que testam mais do que a capacidade física, mas a resiliência. Os candidatos nadam 200m fardados, correm 10km na subida do Cristo Redentor em até 1h, sobem 6m de corda com a ajuda dos pés e fazem 12 barras. “Muitos acham que subir o Cristo é impossível, mas não é. O desafio da entrada é menor que o do dia a dia, porque tem a tensão e o medo de estar em um local perigoso”.
Depois do Filme
Depois do lançamento do Tropa de Elite, a procura pelo BOPE aumentou. Pimentel comenta que muitos candidatos participam do processo porque se sentiram motivados pelo filme. O roteirista informou que o primeiro filme foi produzido por pessoas sem nenhum ou pouco conhecimento técnico, mas que tinham muito entusiasmo para fazer dar certo.
“Eu não era roteirista e o (José) Padilha era professor de Física. Todo o meu conhecimento de roteiro vinha de um livro que compramos na livraria em uma das nossas primeiras reuniões”, disse Pimentel. Ele informou ainda que as histórias que deram o início ao filme já haviam sido rejeitadas antes. “O sucesso da produção é prova que o entusiasmo é uma arma poderosa para lutar contra as grandes corporações, assim como para motivar equipes”.
O ex-capitão conta que a produção não tinha muito recurso e ainda assim se transformou no maior sucesso do cinema nacional, alavancando muitos atores amadores, alguns que nunca tiveram contato com a atuação, para o cenário nacional e mundial. “Não tínhamos muitos equipamentos, mas pessoas que acreditam no que estávamos fazendo”. Rodrigo faz um paralelo com o mercado fitness. “Não é o equipamento e a infraestrutura que fazem o sucesso, mas o atendimento, o detalhe e a ousadia para transforma esse ambiente no melhor possível”.
Rodrigo utilizou inúmeros casos de sua vivência na corporação e em comum todos tinham a imagem do líder como um catalisador. “O líder é sempre o mais entusiasmado e o que acredita que dá para fazer. Ele tem que ser inteligente para influenciar a equipe a trabalhar em coletivo e também reconhecer, individualmente e em público, os trabalhos bem executados”.
Rodrigo conclui a palestra afirmando que todo o time de elite tem de agir com surpresa, rapidez e determinação; investir na repetição e na segurança; e planejar com simplicidade.